Complicações

Bom Braga, Gabriela; Rivas, Alejandro; Rivas, Jose Antonio; Penna Lima J'rnior, Luiz Rodolpho (2021). Complicações. In: Tratado de Implante Coclear e Próteses Auditivas Implantáveis (pp. 377-384). Rio de Janeiro, Brazil: Thieme

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A cirurgia de implante coclear, assim como qualquer outro procedimento
cirúrgico, pode estar associada a complicações, seja porque
durante o procedimento acontece uma lesão nas estruturas anatômicas
na área operada, seja pelo desenvolvimento de um processo
inflamatório e/ou infeccioso nos estágios subsequentes ao procedimento.
No entanto, como o implante é um aparelho eletrônico,
as complicações mais frequentes estão associadas a falhas no dispositivo.
As complicações do pós-operatório da cirurgia representam
uma das mais frustrantes e difíceis ocorrências experimentadas
por cirurgiões, e envolvem diversas variáveis intrinsecamente relacionadas
com o paciente e a equipe cirúrgica. Tais complicações
são um reflexo da complexidade do procedimento cirúrgico, da
habilidade do cirurgião e dos riscos inerentes à inserção profunda
de um grande corpo estranho abaixo do couro cabeludo. O procedimento
cirúrgico vem sofrendo modificações durante os últimos
anos, visando diminuir a incidência das complicações médicas intra
e pós-operatórias, além dos esforços realizados pelas empresas
fabricantes dos dispositivos em evitar as falhas dos sistemas.1
A taxa global de complicações flutua entre 5 e 13%, de acordo
com diferentes estudos. Essa variação está determinada, em grande
medida, pela definição operatória adotada para sua classificação e
os grupos de idades analisados. Algumas classificações estabelecem
diferenças entre as complicações perioperatórias, que se definem
como eventos que acontecem durante a cirurgia e até as 24 horas
subsequentes ao procedimento. Entre elas, lesão do seio sigmoide
e hemorragia subsequente, lesões no nervo facial, no corda do
tímpano, lesões inadvertidas na dura-máter com vazamento de líquido
cefalorraquidiano, fístula que, geralmente, está associada a
malformações congênitas (como a presença de comunicação com
o conduto auditivo interno ou um aqueduto coclear alargado etc.).
As complicações precoces são aquelas que surgem dentro da primeira
semana do pós-operatório; e complicações tardias são as que
se desenvolvem depois da primeira semana. Hoffman e Cohen, em
1995, propõem dividir as complicações em duas categorias: maiores
e menores.
As complicações menores não costumam causar disfunção do
implante, são resolvidas espontaneamente ou mediante tratamento
conservador e sem intervenção cirúrgica. As complicações maiores
precisam de assistência intra-hospitalar, geralmente, uma ou mais
intervenções cirúrgicas, que podem incluir explantação e posterior
reimplantação.2 Uma vez expostas essas generalidades, e sem pretender
adotar uma ou outra maneira de classificar as complicações
derivadas da cirurgia de implante coclear, preferimos, na presente
seção deste livro, colocar ênfase nas complicações mais frequentes
e de maior impacto para o paciente. Portanto, as lesões de ordem
neurológica, as infecções locais (leito operatório, otite), a meningite
associada ao implante, doença do ouvido médio e mastoidite,
biofilme assim como as complicações que podem ser atribuídas
ao dispositivo serão expostas a partir da perspectiva do cirurgião,
mas também levando em conta as considerações relativas à equipe
que intervém na atenção integral do paciente com perda auditiva.
De maneira breve, serão sintetizados alguns aspectos relevantes da
anatomia que todo cirurgião que se dedica à implantação coclear
deve dominar.

Item Type:	Book Section (Book Chapter)
Division/Institute:	10 Strategic Research Centers > ARTORG Center for Biomedical Engineering Research > ARTORG Center - Image Guided Therapy
UniBE Contributor:	O'Toole Bom Braga, Gabriela
ISBN:	978-65-5572-084-6
Publisher:	Thieme
Language:	Portuguese
Submitter:	Gabriela O'Toole Bom Braga
Date Deposited:	02 Feb 2022 15:12
Last Modified:	05 Dec 2022 16:03
URI:	https://boris.unibe.ch/id/eprint/164424